Afiada como a escuridão

Uma das coisas que Pelume tem penduradas no Nalladigua – e que se mostrou um desafio na hora de ser pendurada no meu exemplar do remo do menino – é uma unha de puma. Minha solução (bem artesanal) foi “fabricar” uma unha com papelão. Mas não descarto a possibilidade de um dia, quem sabe, e por meios racionais, conseguir uma unha de verdade para pendurar ali.

Essa unha remete a várias coisas na história: pode pertencer a Chuquichinchai, o puma dourado dos Andes, ligado à constelação que identificamos como a de Leão. Hernâni Donato, autor de Dicionário de Mitologia, editado pela Cultrix, de São Paulo, comenta que Chuquichinchai também era o tigre soprador, qowa, que rondava os mananciais e que subia às nuvens na época das chuvas, ajudando a formar o granizo (sempre é importante lembrar que não há tigres na América, e que essa designação era dada pelos europeus para os pumas e jaguares – onças – por não saberem o nome desses animais).

As unhas dos felinos americanos, essas navalhas mortais que escondem em suas grandes patas macias, não são negras. São translúcidas e claras. Os pumas apresentam cinco delas nas patas da frente e quatro nas patas traseiras e com elas agarra suas presas, enquanto as abate. Sendo o segundo maior felino do continente americano, os pumas apresentam pelagem dourada e têm uma importante função no equilíbrio ecológico. É um animal lindo, protegido por lei, já que a espécie corre o risco de extinção.

A unha negra pendurada no Nalladigua também remete ao vilão de A Flauta Condor. Inúmeras vezes se comenta, durante a narrativa, que o puma não deve beber o sangue do Sol, sobretudo no sonho que Pelume tem com Furufuhué disfarçado de Chuquichinchai, quando o vento conta ao menino a história de Viracocha. Perdeu o post? Não se preocupe: clique AQUI e saiba mais.

 

Deixe um comentário

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.

Acima ↑